
há uma fresta aberta na minha janela,
por onde a noite me espia
e por onde espio o céu imenso...
Recostada nos meus travesseiros,
na penumbra do quarto,
no silêncio das horas sonolentas da madrugada,
imagino aqueles que vagam pelas ruas,
crianças abandonadas nas calçadas,
seres anônimos, frutos da indiferença...
Penso naqueles que precisam de uma palavra
de conforto ou esperança, de um sorriso a dizer que
tudo ainda é possível,de um olhar a mostrar
que não são invisíveis,de um milagre que só os carinhos
verdadeiros conseguem realizar...
Penso também nos meus, naqueles a quem
quero tanto bem,no que poderia ter feito e não fiz,
em tudo quanto gostaria de realizar enfim.
Meus olhos pesam, mas o sono não chega.
Sinto como se minha alma ganhasse asas,
como se quisesse romper as amarras,
como se pudesse sair de mim, ir além,
visitando o universo sem fim.
Ah!, tomara que eu adormeça, e que
minha alma possa realizar esta ventura:
ir visitar a cada criatura,
depositando nelas um toque de fraternidade,
para que eu, enquanto durmo,
possa sonhar com tal felicidade.
para que eu, enquanto durmo,
possa sonhar com tal felicidade.