22 de junho de 2011

Amor amigo



Nossos amigos são nossos tesouros.Constituí-los e preservá-los é uma arte.

Saber fazer e manter amigos é uma capacidade importante do ponto de vista do crescimento espiritual.

Manter os amigos constituídos desde a infância revela alto grau de inteligência emocional e capacidade de amar por tempo indeterminado.

São aqueles, os amigos que nos acompanham durante muito tempo, os que nos ensinam o verdadeiro amor.

O amor amigo é aquele que se coloca ao lado e em companhia do outro, sem lhe tolher a liberdade.

O amor livre é aquele que liberta para a vida plena e feliz.

O amor amigo nunca precisa ter que perdoar.

Quem ama não se magoa, não fica com raiva de quem o agrediu, por não se sentir ofendido.

Muitas vezes o amor entre duas pessoas se transforma em amizade provocando, não raro, a separação.

O que houve? Não seria este o objectivo da união?

Muitas vezes, o melhor caminho é o da motivação consciente, que adiciona novos elementos à relação, para a felicidade do casal.

O amor amigo não anula o outro, pois se preocupa com o crescimento e fortalecimento da personalidade do parceiro.

Muitos casais perdem o interesse pela relação em função da competição que se instala entre os parceiros, pela ausência de solidariedade.

O amor amigo é fraterno, divide os problemas, mesmo os que não são comuns ao casal, é companheiro e auxilia o outro na solução dos conflitos íntimos como se fossem os seus.

O amor amigo eleva o espírito, não necessitando, muitas vezes, da união carnal para ocorrer o verdadeiro encontro entre os pares.

Quando o amor maternal deixa de ser o amor de amigo, preferindo permanecer no controle e dominação da prole, provoca o afastamento do ente querido pela necessidade que este tem de libertar-se do jugo superprotetor.

O amor exige cumplicidade na medida em que esta promove a interação entre o casal, cuja exclusividade e privacidade são garantidas.

É nessa cumplicidade equilibrada que se mantém a amizade do casal.

É certo que não se consegue ter por um inimigo o mesmo tipo de amor que se tem por um amigo, mas se pode desejar àquele o mesmo que se quer para este.

O inimigo representa sempre uma oportunidade de aprender algo mais sobre nós mesmos.

O ódio, muitas vezes, nos vincula no tempo e no espaço, às pessoas com as quais nada teríamos a aprender, mas que, certamente, nos ensinarão coercivamente, algo sobre nós.

Se quer ser feliz, ame antes de ser amado.

O que queremos para o outro é o que recebemos da Vida.

O pensamento daquele que nos ama, é que nos auxilia e nos ajuda em circunstâncias que não imaginamos possam acontecer.

O verdadeiro amigo transforma o outro pelo exemplo de sua própria transformação e pelo amor que faz brotar de sua alma.

O amor amigo não exige retorno do outro.

Dedica-se por livre iniciativa e opção de servir.

Quem ama jamais deixará de fazê-lo.

O amor perdoa sempre por não se sentir ferido.


Não erotize o amor de um amigo.

A distância entre o afecto e a sensualidade nem sempre é percebida pelo outro.

Observe se não se trata apenas de uma carência sua que poderá lhe custar a amizade.


Aja com ética para com as pessoas, principalmente os amigos, pois certamente eles têm em alta conta.


Sua ética é garantia para a compreensão do amor que nutre por eles.

Muitas separações acabam em disputa por heranças e patrimônios do casal, gerando inimizades e desequilíbrios de parte a parte.

Quando isso ocorre é importante que se pense na supremacia atribuída ao dinheiro em lugar do amor.

Os bens passam, só o amor fica.

A disputa por bens, quando não estabelecida em bases equilibradas, gera necessidades de retorno a uma nova experiência em conjunto para o aprendizado da renúncia e para devolução do que não se merece.

Não deixe que sua relação com alguém termine na inimizade.

Quando assim ocorre, geralmente surge uma sensação de insucesso e insegurança quanto a uma possível relação futura.


Jesus, o Amigo Divino, nos ensinou a traba lhar com os amigos pelo Bem Maior. Mesmo traído por Judas, chamou-o de amigo.

Metade


Metade


Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca.

Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.


Que a música que eu ouço ao longe seja linda, ainda que triste.

Que a mulher que eu amo seja sempre amada, mesmo que distante.

Porque metade de mim é partida e a outra metade é saudade.


Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor,

Apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento.

Porque metade de mim é o que eu ouço, mas a outra metade é o que calo.


Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço,

Que essa tensão que me corroe por dentro seja um dia recompensada.

Porque metade de mim é o que eu penso e a outra metade é um vulcão.


Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável

Que o espelho reflita em meu rosto o doce sorriso que eu me lembro de ter dado na infância.

Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade eu não sei...


Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito.

E que o teu silêncio me fale cada vez mais.

Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.


Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba, e que ninguém a tente

Complicar porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer.

Porque metade de mim é a platéia e a outra metade, a canção.


 


E que minha loucura seja perdoada.

Porque metade de mim é amor e a outra metade... Também.



(Osvaldo Montenegro)